terça-feira, 15 de abril de 2008

A Cena Perfeita

"You look so fine, I want to take your heart, and give you mine..." - You Look So Fine - Garbage.
Não tenho vergonha de admitir meu lado piegas, brega, cafona. Sou uma pessoa romântica, acredito no amor, e o amor é piegas, brega, cafona.

Para confirmar isso, é só prestar atenção aos filmes românticos que assistimos. Os que mais gostamos são aqueles recheados de cenas cafonas e previsíveis, mas que fazem com que nossos olhos se encham de lágrimas.

Eu tenho uma cena, muito comum nos filmes, que se acontecesse comigo eu me derreteria. Primeiro, devo dizer que é geralmente a cena que precede os créditos do filme, e que o casal envolvido se ama desde o começo, porém os dois só ficam juntos a partir desta cena, pois não sabiam que se amavam, ou não queriam admitir o amor que sentiam, ou por qualquer outro motivo.

Enfim, depois que os dois têm uma discussão e a mocinha acaba revelando o amor que sente, ela vai embora correndo aos prantos.

Visualização da cena: ela está em casa, mais especificamente na cozinha, com o olhar distante. Vestindo uma blusa de lã de cor clara, bem larga e comprida e um par de meias soquetes brancas, ela devora um pote de sorvete. Enquanto pensa em tudo o que houve, em seu amor e em seu amado, ela passeia com a colher pelos lábios.

A cena: inesperadamente a campainha toca. Ela se levanta e vai até a porta, meio cabisbaixa, sem vontade de ver ninguém. Abre a porta, reconhece o sapato. Seus olhos vão se levantado, reconhecendo cada parte do corpo a sua frente, até que se encontrem com os olhos de seu amado, que está ali em sua porta, com uma expressão perdida, como se seu mundo não significasse nada sem ela. Eles se olham por três segundos, respiração ofegante, coração saltando. Os três segundos mais intensos que antecedem o beijo mais saboroso que os dois já provaram, acompanhado do abraço mais aconchegante pelo qual já foram envolvidos.

Julia Wigner

terça-feira, 1 de abril de 2008

MANTRA

“And when the rain comes down, would you choose to walk or stay, would you choose to walk, would you choose to stay?”Walk Away – Sisters of Mercy.

Ninguém é igual; não podemos fazer as coisas esperando algo em troca; o que ó óbvio para alguns, não é para outros. Tenho tido tudo isso em mente e repetido para mim mesma todo dia ultimamente. Adotei este mantra quando percebi que um dos maiores motivos para o término do meu relacionamento foi eu acabar esperando que o outro fizesse por mim o mesmo que eu fazia por ele. Eu achava que não esperava nada, mas percebo que sempre fazemos as coisas esperando algo em troca. Se não fosse assim, nunca falaríamos (mesmo que só em nossas cabeças) algo do tipo 'depois de tudo o que eu fiz’, ‘você poderia mostrar um pouco de consideração por tudo o que passei por você’, ou qualquer coisa semelhante.

O pior foi perceber como podemos nos tornar mais exigentes a cada dia, esquecendo o que nos chamou a atenção na outra pessoa. Acabamos querendo que os outros se moldem a nós e, sem querer, vamos fazendo pequenas coisas que fazem com que o que conhecemos no começo não exista mais depois de um tempo. Noto que esse é um “dom” mais marcante nas mulheres.

Enfim, preciso repetir esse mantra até colocar de vez em minha cabeça que ninguém vai suprir todas as minhas expectativas, e parar de fazer listinhas "pós-namoro" para que o próximo seja sempre melhor, até alcançar a perfeição. A perfeição não existe, a perfeição é monótona, principalmente para quem acha que sem emoção, nada vale a pena.

Julia Wigner.